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Quanto custa um protótipo?

“Protótipo” é um termo abrangente que engloba várias fases de desenvolvimento do produto ou tecnologia, desde a ideação até ao MVP. Tendo isto em conta, o custo de criar um protótipo é variável e vai depender do tipo de projetos, fase em que se encontra e objetivos. Neste artigo, vamos ver várias opções de prototipagem, bem como alguns exemplos de custos e apoios disponíveis, para percebermos mais facilmente quanto custa um protótipo. 

Por norma, todos os protótipos passam por revisões e evoluções, cujo período de construção, testes e iterações é tanto maior quanto a complexidade do projeto e nível de inovação. Tendo em conta que temos uma cultura bastante inventiva e de “mãos na massa”, em cada fase indicamos dois valores indicativos: um para DIY (faça você mesmo) e outro para contratação de serviços profissionais.  

Nota: estes valores são meramente indicativos, pretendem mostrar uma ordem de grandeza dos valores. Não são vinculativos, dependem de vários fatores como o prestador de serviços, complexidade do projeto, grau de inovação, etc.  Para orçamentos sobre um projeto específico, entre sempre em contacto com a entidade responsável.

Fases de desenvolvimento

O objetivo de um protótipo depende da fase de desenvolvimento do projeto, por vezes avaliada de acordo com o Nível de Maturação Tecnológica. Existem diversos tipos de protótipos com diferentes níveis de fiabilidade, sendo que a semelhança e inclusão de detalhes vai sendo maior quanto mais perto estamos de criar o MVP.  

Brainstorming e Ideação

Esta é a primeira fase, em que estamos a identificar uma oportunidade de inovação e a ponderar o que é essencial para a invenção – qual o problema a resolver, quais as funções fundamentais, aspeto geral, etc. Inclui ainda estudos de mercado, identificação do público-alvo e concorrentes, etc.  

Os tipos de protótipos nesta fase costumam ser rascunhos ou esquemas, apenas com o objetivo de reunir as informações que temos todas no mesmo sítio para conseguirmos visualizar o conceito que queremos desenvolver, sem foco na criação de um protótipo físico.  

Um profissional tem experiência e conhecimentos técnicos/científicos que permitem mais facilmente estudar o mercado e as tecnologias, bem como o potencial de inovação do projeto, o que pode resultar em mais indicadores para as fases seguintes. 

  • Custo DIY: muito reduzido ou inexistente 
  • Custo profissional: algumas centenas de euros 

Formulação do conceito

É comum esta fase ilustrar o conceito num modelo visual sem detalhes técnicos, que tem como objetivo principal permitir uma discussão mais aprofundada sobre as funções e benefícios pretendidos e captação de potenciais parceiros para o projeto. Modelos 3D digitais ou esculturas em materiais como barro ou papel são as opções mais comuns na primeira versão do modelo visual da tecnologia, sendo a impressão 3D cada vez mais utilizada. A complexidade do projeto e dimensões vai influenciar a escolha das ferramentas a utilizar, influenciando muito o custo de produção. 

  • Custo DIY: inexistente ou muito reduzido 
  • Custo profissional: algumas dezenas ou centenas de euros

Testes de viabilidade

A prova de conceito centra-se na verificação do funcionamento da tecnologia, é quando se testam os princípios e objetivos de funcionamento que foram identificados na fase de ideação. Para isto, começamos pelo teste de algumas funções específicas, geralmente sem preocupações com a estética do projeto. Isto é tão mais importante quanto mais inovador for o produto, para verificar a compatibilidade dos materiais, tecnologias e funções, obtendo os primeiros indicadores de desempenho (dimensões, consumo, hidrodinâmica, etc).  

O recurso a modelação 3D digital detalhada é bastante comum, pois permite verificar que não existe sobreposição espacial dos componentes, além de que existem programas que permitem fazer simulações de desempenho bastante precisas. A impressão 3D e outras tecnologias de prototipagem rápida permitem a construção dos elementos pretendidos para estes testes básicos de funcionamento, que deverão comprovar os princípios assumidos para a invenção ou indicar que devemos reverter a uma fase anterior como a pesquisa.  

Os protótipos nesta fase são de baixa fidelidade, no sentido em que os parâmetros estéticos não estão integrados, e envolvem conhecimentos avançados na área tecnológica e/ou científica do projeto, pois centram-se nos testes efetivos da tecnologia, análise de dados e resolução de problemas específicos. Muitas vezes, centram-se apenas no conjunto de funções essenciais para o MVP, deixando de lado funções opcionais ou extra que ficam planeadas para versões futuras do produto (como comandos por aplicações móveis, integração de sistemas de medição, etc). 

  • Custo DIY: algumas dezenas ou centenas de euros 
  • Custo profissional: algumas centenas ou milhares de euros 

Tendo comprovado o funcionamento da tecnologia, muitos inventores protegem as suas invenções através de patentes e modelos de utilidade, como vemos mais à frente. 

Protótipos de alta fidelidade

Passamos para a fase dos protótipos de alta fidelidade quando todos os testes de funcionamento correspondem aos objetivos traçados e o projeto está pronto para avançar.  

Nesta fase, a construção do protótipo já é muito aproximada do MVP, considerando no design a aparência do protótipo, modo de utilização, requisitos legais, métodos e materiais de produção em série, entre outros. Estes protótipos têm como objetivo ser testados por um grupo de pessoas pertencentes ao público-alvo do produto, para verificar a experiência de utilização em cenário real, de forma a identificar problemas a resolver antes de avançar para o MVP. Estes testes com o público-alvo dão muita confiança a potenciais investidores e parceiros, ainda que não reflitam a procura existente no mercado. 

Para protótipos de alta fidelidade, são usados materiais e métodos de fabrico mais avançados, que têm maior resistência e precisão, e um acabamento muito mais cuidado. Sem acesso a estas ferramentas, para alguns projetos pode ser muito difícil criar um protótipo de alta fidelidade, em particular se os materiais e formas do protótipo forem complexas e envolverem a criação de novas tecnologias.  

  • Custo DIY: algumas centenas ou milhares de euros 
  • Custo profissional: alguns milhares ou dezenas de milhares de euros 

Fases seguintes

Depois de revistos os dados recolhidos nos testes ao protótipo de alta fidelidade e integradas as soluções necessárias, estamos mais perto de avançar para a comercialização.  

Proteção da invenção

Um dos pontos fundamentais para alguns projetos é a proteção da invenção, seja através de patentes ou modelos de utilidade. Para isto, é preciso uma investigação sobre o estado da tecnologia, para garantir que podemos proteger a nossa invenção sem ir contra patentes existentes. Além disso, temos de escrever o texto que vai detalhar a tecnologia, incluindo os pontos essenciais a proteger, de modo a identificar o que fica protegido da invenção. 

Os custos de uma patente ou modelo de utilidade variam sobretudo de acordo com a área geográfica a abranger. Podemos proteger apenas a nível nacional, podemos proteger a nível europeu ou mundial, ou escolher os países específicos.  

Em termos nacionais, podemos esperar despesas na ordem de: 

  • Custos Pedido de Patente DIY: 30€ (provisório online), 110€ (definitivo online) 
  • Outros custos de processo de Patente: 150€ 
  • Custos Pedido Provisório de Patente profissional: 1000€ (texto) + 400€ (submissão) 

Nota: a estes valores podem acrescer despesas como a disputa sobre os direitos, caso alguma entidade exija revisão sobre a violação de direitos de outras patentes existentes, modificações ao pedido de patente, emissão de meios de prova e outros. Para mais informações, consultar a página de custos do INPI.  

Mínimo Produto Viável (MVP - Minimum Viable Product)

A construção de um Mínimo Produto Viável para testar a aceitação do público é o passo seguinte, com os materiais e métodos de produção já muito próximos dos definitivos. Por vezes, é até possível produzir pequenas quantidades iguais ao produto final para verificar a qualidade e acabamento.  

Um MVP é uma ferramenta que permite captar financiamento para dar os primeiros passos no lançamento do produto no mercado, testando a reação do público e, com isso, captar o interesse de investidores ou validar a procura para a obtenção de outros tipos de financiamento. 

Um exemplo de uso comum do MVP é o crowdfunding, com demonstrações das funções e utilização do MVP em contexto real, dando oportunidade ao público de fazer donativos – ou mesmo compra antecipada – do produto, o que serve de prova de que existe procura. Em muitos casos, o crowdfunding é suficiente para financiar a primeira ronda de produção, valorizar o projeto e permiti que este se desenvolva numa empresa de sucesso. Distribuir algumas unidades de MVP por bloguers e influencers para os testarem e divulgarem junto dos seus leitores é uma forma de conseguir mais validação e credibilidade, além de excelentes análises sobre o que pode ainda ser melhorado ou do que realmente é valorizado pelos utilizadores.  

Os custos de um MVP variam de acordo com o produto que representam, tanto ou mais do que os protótipos. Os métodos de fabrico têm uma enorme influência e a produção de pequenas quantidades pode ter custos proporcionalmente mais elevados.  

  • Custo DIY: algumas dezenas a alguns milhares 
  • Custo profissional: alguns milhares a dezenas/centenas de milhares 

Considerações e referências

Estas são algumas indicações sobre a variação de custos de um protótipo. São apenas ordens de grandeza, com o objetivo de informar sobre o que pode ser necessário investir em cada fase.  

Neste sentido, é importante perceber que os protótipos requerem revisões, vão gerar resultados imprevisíveis e podem mesmo mostrar-se impossíveis de concretizar no formato em causa. E isto é perfeitamente normal. O processo de inovação passa por testar hipóteses e só dessa forma é possível construir as tecnologias mais disruptivas. É um processo que é feito todos os dias em milhões de projetos por todo o mundo e é o que permite que continuemos a evoluir a este ritmo acelerado que temos presenciado. 

Ainda de notar que há muitos investidores e empresas interessadas em tecnologias que respondam às mudanças no mercado, que as tornem mais competitivas e, em resumo, que lhes permitam dar mais valor aos seus clientes, da forma mais eficiente possível. A aposta na inovação pode ter tanto retorno como o valor ou impacto criado, este é o foco da prototipagem: testar opções, identificar as que têm ou não os resultados desejados e desenvolver as que se mostram mais relevantes para os objetivos do projeto, de forma a servir melhor o público-alvo. 

Além de investidores e empresas interessados em ligar-se a estas tecnologias inovadoras, há sempre apoios e outras formas de financiamento disponíveis, para ultrapassar a barreira inicial do investimento necessário para dar início ao ciclo de bola de neve que é criar valor. Há oportunidades e financiamento para prototipagem, início de atividade empresarial, consultoria, divulgação, etc.  

Deixamos aqui algumas referências que podem ser do interesse de quem quer criar um protótipo: 

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