
ZARAGATOAS - CASE STUDY
Primeiras zaragatoas produzidas em Portugal
Quando o COVID-19 chegou ao nosso país, ainda não se sabia quase nada sobre a doença, mas já víamos como podia ter efeitos devastadores, ao assistirmos ao que se passava em países como Itália, onde o vírus ganhou força rapidamente.
A comunidade mobilizou-se para ajudar no combate ao vírus, com a produção de válvulas, máscaras, viseiras e, até, ventiladores. Se houve alguma coisa que esta pandemia provou, foi o impacto que a mobilização global para o mesmo fim pode ter e o resultado mais visível é o tempo recorde em que se desenvolveu uma vacina.
Nós quisemos fazer parte deste esforço coletivo e pusemos os nossos serviços de I&D e prototipagem rápida à disposição para responder à falta de fornecimento de zaragatoas a Portugal.
DESAFIO
Produzir zaragatoas para recolha de amostras para testes de COVID-19 durante o estado de emergência (março-abril 2020)
RESULTADO
Em 4 dias tínhamos o primeiro protótipo, e em menos de uma semana as nossas zaragatoas estavam a ser usadas para testes de COVID-19 nos lares da região.
EM COLABORAÇÃO COM:


Abordagem inicial
O primeiro passo foi contactar a Universidade do Algarve, que estava envolvida com as forças de saúde a nível local. Foi-nos dito que havia uma grande falta de zaragatoas, que o fornecimento internacional era insuficiente.
Deram-nos as diretivas da OMS relativamente aos materiais aconselhados e desaconselhados. O que nos pediram foram zaragatoas que cumprissem estas diretivas e fossem capazes de fazer recolhas de amostras via nasal e oral.
A reação da nossa equipa foi, como sempre:
Quão difícil pode ser?

Resposta ao desafio
Os primeiros protótipos foram feitos ao longo de quatro dias, entre contacto com profissionais de várias áreas da saúde, estudos dos materiais e pesquisa de métodos de produção. A falta de informação na internet ilustrou bem o obstáculo que tínhamos pela frente: o dacron, material sintético para recolha da amostra, era extremamente difícil de trabalhar e quem produzia zaragatoas não tinha interesse em partilhar a solução. Ao fim de 96 horas, tínhamos o primeiro protótipo funcional, aprovado para os primeiros testes.

Método de produção
A haste foi feita de alumínio torcido, ficando com uma pega na ponta oposta à da recolha da amostra e com uma pequena argola de segurança onde seria fixado o dacron. Testámos métodos de como fixar o dacron à haste de alumínio – a quente foi a opção mais segura. O dacron foi fixo a quente e torcido com ajuda de um molde impresso em 3d em material biocompativel que não interferisse com os testes e um equipamento rotativo para o manter compactado (máx. 5mm diâmetro) durante o processo de esterilização e recolha. A haste devia ter uma zona de quebra a 1/3 entre a pega e a ponta de dacron, para que possa ser dividida após a recolha, evitando o contágio da amostra por quem fez a recolha.

Colaboração regional
Com o apoio da Universidade do Algarve, do ABC – Algarve Biomedical Center e do Banco de Voluntariado de Loulé, fomos melhorando a produção, de início extremamente manual e, mais tarde, com a utilização de moldes e equipamentos mecânicos. Transformámos o nosso Centro de Prototipagem numa estrutura de produção (quase artesanal) de zaragatoas, que foram utilizadas em testes no Algarve, em Lisboa, e noutras regiões do país.

Notas adicionais
O MARK 6 – Centro de Prototipagem não é especializado em material médico. Apenas disponibilizámos a nossa equipa e espaço para ajudar nesta luta. A produção de zaragatoas extendeu-se apenas durante o Estado de Emergência, no início de 2020.
A esterilização ficou a cargo da Universidade do Algarve, pelo método de autoclavagem, bem como a produção do restante material necessário para os testes. O ABC foi responsável por toda a coordenação dos testes na região, tendo tido um papel fundamental na linha da frente, e a quem estamos profundamente gratos pelo apoio e oportunidade de ajudar.
Disponibilizamos todo o nosso processo e conhecimento para que outros o possam replicar e para que, juntos, consigamos ultrapassar esta crise da melhor forma possível.

Libertámos o nosso processo de forma gratuita. Para nós, foi uma questão de patriotismo, suspendemos todos os projetos e dedicámo-nos 100% a produzir zaragatoas.
Fomos a primeira entidade em Portugal a produzir zaragatoas, o que mostrou bem a nossa flexibilidade e dedicação. Independentemente de sermos uma pequena startup, temos respondido a grandes desafios de forma rápida e efetiva.
Outros projetos: